sexta-feira, 31 de agosto de 2012

FUGINDO DE SENTIR de Lisélia de Abreu Marques

  A noite, antes de dormir, me escondo de mim mesma; me escondo na leitura, nas imagens e espero meu corpo pedir pra dormir. Assim, quando não estou vendo, corro pra baixo das cobertas e tento dormir o mais rápido possível, antes de esbarrar comigo mesma no caminho e ver o meu coração romântico vazio com suas luzes apagadas. Não há festa nem alegria no meu peito, apenas dor que se agrava com o peso dos julgamentos . Ainda não sei o que fazer, não sei como amparar a mim mesma, como lidar com esta dor. Então, fujo numa manobra infantil, como aquela de se cobrir os olhos e se acreditar invisivel; fujo, como se pudesse me desgarrar de minha própria sombra, me abandonando sózinha na solidão.