domingo, 25 de dezembro de 2011

PARTES DE MIM de Lisélia de Abreu Marques

Tem uma parte minha cheia de boa vontade, ética e afeto. Esta parte realmente deseja o melhor, busca por este melhor, acredita neste melhor em si e nos outros, mas tem, também, uma parte minha selvagem, irritável, agressiva, pronta para atacar. Esta fera tem uma agilidade! Qualquer descuido que eu dou ela escorrega o braço pela grade da sua jaula e mete as garras em alguém, às vezes até em mim mesma. Tem uma língua que corta como espada.
De burra, a fera que vive em mim, não tem nada. As vezes ela é sutil como uma sombra pode ser e me convence de que um preconceito, um raciocínio torto, uma maldadezinha estão certíssimos, afinal, foi o outro que provocou. E, infelizmente, muitas vezes caio direitinho na lábia dela. E, é tão rápida no bote, esta fera que vive em mim, que quando me dou conta, já fiz a besteira. E ela ri satisfeita. Vivemos num clima de gato e rato esta parte e eu. Tem momentos que ela ataca a si mesma e se arranha toda, se morde, se maldiz com culpas e penas autoimpostas. Tenho dó dela e ela ri, pois me enganou de novo. 
A fera é tão esperta que costuma usar espelhos pra me enganar. Há momentos em que olho para alguém e ela, imediatamente coloca um espelho na frente e vejo a face projetada da minha  fera babando e rosnando e já entro na defesa e ataque. Aí adeus, já era a paz e a harmonia.
Com outras pessoas, a danadinha coloca o espelho refletindo o meu melhor no rosto do meu interlocutor e como Narcíso, me apaixono por minha melhor face. Aí, então, ela tira o espelho e eu não reconheço a face de quem achava estar amando, meu coração se parte em mil pedacinhos e a fera se sente triunfante mais uma vez. Ela é cruel e adora usar seus muitos espelhos contra mim e contra os outros.
 Pois é, vivemos assim, nós três, as três partes de mim mesma: quem eu penso que sou, o meu melhor e o meu pior. E a vida segue. Um dia acredito serei inteira novamente, guiada pelo melhor que há em mim. Até lá desculpem meu mau jeito.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

PREM BABA

Questão: Amado Prem Baba, nós, homens e mulheres, somos tão diferentes. Essa diferença faz com que, o caminho de purificação seja muito diferente para homens e mulheres. Como viver essa diferença e esse caminho dentro da relação?

Prem Baba: Em primeiro lugar, abrindo mão da necessidade de que o outro seja igual a você. Isso faz com que você se abra para compreender o outro. Essa iniciação espiritual, que é o relacionamento a dois, tem os seus mistérios. Esses mistérios, somente se revelam, quando você está aberto para desvendá-los. É você quem abre a porta para que o mistério se revele. O mistério do universo masculino, do universo feminino; o mistério da relação e da fusão desses dois princípios. Somente quando você se abre, é que o universo revela os seus mistérios. Você se mantém fechado, enquanto quer obstinadamente, forçar o outro a ser o que você projetou.

Enquanto você estiver obstinado a forçar o outro, a ser aquilo que você imaginou que ele fosse, significa que você está fechado para o mistério; significa que você ainda não está recebendo os ensinamentos dessa iniciação espiritual. Significa que você está andando em círculos. Você está somente projetando no outro, as suas fantasias e usando toda a sua energia, para forçá-lo a te amar exclusivamente. Isso é o mesmo que andar no vale da sombra e da morte.

Você tira o pior do outro para fora e, também coloca o seu pior para fora. Porque a porta do coração está fechada. O coração se abre e, você começa a desvendar o mistério desses princípios universais, quando deixa de forçar o outro, a ser aquilo que você quer que ele seja; quando você abre mão, de querer transformar o outro e, quando você se abre para a compreensão, de que cada um só pode transformar a si mesmo. Então, você se abre para compreender o outro.

Deus tem seus mistérios. Um deles é esse, de se manifestar através do homem e da mulher. Você só pode compreender esse mistério, se estiver aberto para a aventura de conhecer a si mesmo através do outro. É preciso haver interesse de conhecer o outro, como ele funciona e como ele age. Isso somente é possível se há amor. Somente com esse amor, você se abre para receber a revelação desse mistério. Inclusive de querer compreender, como é que você pode ajudar o outro na revelação.

Como você pode ajudar o outro a despertar os seus potenciais? Somente se há amor, você de fato estende a mão, para que o outro seja realmente feliz. O que acontece é que, de uma forma geral, nos relacionamentos humanos, um ser não enxerga o outro. Ele só enxerga as suas próprias projeções e, quer que o outro corresponda às suas expectativas. E, se o outro não atende às suas expectativas, você se aborrece. Você se fecha e passa a forçar o outro a fazer do seu jeito. Assim, você perde a chance de desvendar o mistério.

O princípio masculino é o princípio da ação. Quando você planta uma semente, você precisa exercer uma ação. O princípio feminino é a aceitação e a receptividade. É o tempo de espera, para a semente se transformar numa flor. Não importa, se esses princípios se transformam num homem, ou numa mulher. Eu estou falando dos princípios cósmicos universais que, em algum momento, precisam se unir dentro de você. É por isso que você busca fora.

Você diz assim: “Querido mestre Prem Baba, algumas vezes, dá mais vontade de encontrar um grande amor, do que Deus. Existe alma gêmea?”

Eu compreendo a sua necessidade, porque isso faz parte da evolução humana. E você somente está pronto para desfrutar das alegrias do amor divino, depois que passou pelas alegrias e misérias do amor humano. Essa é uma fase do desenvolvimento da consciência. Nesse planeta, você tem a chance de viver essa iniciação que chamamos de união. O princípio masculino busca o feminino. O feminino busca o masculino.

Conforme você vai se purificando, dessa fantasia de encontrar uma alma gêmea; conforme você vai se libertando, dessa ideia de encontrar a pessoa perfeita e, conforme vai se libertando dessa fantasia; conforme você vai compreendendo, que precisa integrar o masculino e o feminino dentro de você, você pode experienciar a unidade.

Eu tenho dito que se a vida é uma escola, relacionamentos é a sua universidade. Você está à procura de integrar o feminino e o masculino dentro de você. Mas, para que essa integração aconteça, é importante que você esteja aberto para ela. Ao mesmo tempo em que você deseja essa integração, você não a quer. Uma parte sua quer integração, mas outra não quer, porque você não quer se abrir para o outro. Noutra parte, você está obstinado a fazer o outro realizar a sua fantasia. Você quer que o outro seja aquilo que você acredita que ele deve ser. Isso não é amor, é egoísmo. Você não está olhando para o outro, somente para si mesmo.

Você quer que o outro atenda às suas expectativas. Isso é o que bloqueia a possibilidade, de você compreender como o outro funciona e, consequentemente, adia a integração do feminino e do masculino dentro de você. Isso adia o seu encontro com Deus; isso adia a sua vontade sincera, de se entregar para o caminho espiritual.

Essa é uma das questões mais delicadas, que precisa ser compreendida em profundidade. Como você adia a sua evolução espiritual, através dos jogos dos relacionamentos.

Questão: Como entra a homossexualidade nisso?

Prem Baba: Não faz diferença. Tanto na homossexualidade, como na heterossexualidade, você está buscando a sua contraparte dentro de você. São estágios no processo da evolução da consciência. De qualquer maneira, você está buscando integrar o masculino, ou o feminino dentro de você. Os jogos são os mesmos. É você projetando as suas fantasias no outro e, forçando o outro a se tornar o que você fantasiou. É você forçando o outro a te amar. É você querendo que o outro se transforme, ao invés de tentar transformar a si mesmo. Isso impede que você se abra para compreender os mistérios dos relacionamentos. Isso se torna um vício e você fica preso nisso.

Você fica preso aos jogos de codependência, onde você somente consegue experienciar prazer, com a infelicidade do outro. É o que eu estava falando ontem, sobre o prazer negativamente orientado. Se você quer realmente evoluir, faz-se necessário reconhecer essas projeções. O quanto você está aberto, para olhar o outro objetivamente? Olhar o outro objetivamente, significa olhar o outro, assim como ele é. Olhar subjetivamente, significa olhar de uma forma distorcida; significa olhar com lentes coloridas, que distorcem a percepção da realidade. Você utiliza essas lentes, normalmente porque não quer ver a realidade.

Você não quer abalar a segurança da fantasia que você criou. Olhar para o outro objetivamente, significa olhar para a luz e para as imperfeições do outro e, estar aberto para amá-lo, mesmo com as suas imperfeições. Porque se você está num corpo humano, você tem imperfeições. Você reconhece as imperfeições, mas não dá força para elas. Isso é olhar objetivamente. Olhar subjetivamente é quando você não quer ver as imperfeições. Você finge que não existe, para continuar no seu mundo de fantasia. Isso adia a sua evolução.

Tem algumas pessoas, que estão chegando do campo do ABC da Espiritualidade, e, que tiveram a chance, de olhar mais objetivamente para si e para o outro. Depois que eles integrarem um pouco melhor a experiência, eles poderão falar um pouco sobre isso, se tiverem vontade. Como é retirar a lente e olhar para o outro objetivamente?

Nós estamos num estágio da consciência, no qual é fundamental, aceitar as diferenças. Você só aceita as diferenças, se puder olhar para elas. Mas, para poder enxergá-las, você precisa estar aberto para isso. É isso que eu chamo de transparência. Esse é o requisito do casamento da Nova Era. Talvez, esse seja o significado maior da palavra intimidade: não ter segredos, não ter mentira.

Você está aberto para receber a revelação do outro e, o outro está aberto para receber a sua revelação. É assim que você vai crescendo no amor. Alguns seres humanos nessa Terra vão passar por essa iniciação. Quando você já está num grau adiantado nessa iniciação, você começa a se lembrar de Deus e, então começa a colocar Deus em primeiro lugar.

Por isso eu digo que, eu dou o que você me pede, até que possa receber o que eu tenho para te dar. Ok, se você quer um namorado, eu te dou um, até que você se canse disso; até que você queira Deus. Mas não entre nisso, querendo sair logo, para poder encontrar Deus. Assim, você também estará adiando o seu aprendizado. Eu tenho dito que, esse fenômeno é um florescimento.

Quando você pôde, integrar o masculino e o feminino e, pôde unir esses princípios dentro de você, ou seja, você realizou a união perfeita, você finalizou um estágio da evolução espiritual, que eu chamo de iniciações menores. Então, você entra nas iniciações maiores e, está pronto para se entregar, para ser guiado pelo grande mistério. Você está pronto para ser levado, para onde Deus quiser que você vá. Então, você está completamente livre.

Você vai deixando os apegos aos poucos. Mas independentemente do estágio em que você se encontra, você deve se dedicar ao seu sadhana. Você deve se dedicar, para a instrução que foi transmitida e, independentemente, de onde você esteja, lembre-se de fazer o seu mantra. Lembre-se de cantar os nomes de Deus, porque você vai sendo resgatado pouco a pouco. Não importa onde você esteja, quando você começa a se lembrar de Deus, nem que seja por um instante, um milagre acontece na sua vida e, uma corda de apego se quebra.

Num instante que você se lembra de Deus e, se abre de verdade, um milagre acontece e o seu desejo é esvaziado. O seu desejo de dominar o outro se esvazia. O desejo é um poço sem fundo. Você quer ter o outro, assim como quer ter coisas. Isso nasce da falsa idéia de quem é você. É por isso que você quer ter. Vagarosamente, quando você se lembra de Deus, você começa a se lembrar, que é uma fonte inesgotável de doação. Você tem amor para dar para todos, assim como o sol, que ilumina todos por igual. Assim como a água pura, que mata a sede de todos.

Aí você começa a sair da esfera pessoal e, entra na esfera impessoal. Ao invés de amar um, você ama a todos. Você descobre que tem amor para todos. Isso é uma passagem, é uma iniciação. Você vai aprendendo isso devagar. “É devagar, é devagar, os caminhos do senhor, é devagar.” Devagar, você vai aprendendo a partilhar o seu ouro espiritual com todos. Mas, para chegar nesse estágio, você precisa passar pela experiência de compartilhar com uma pessoa. Se você não pode compartilhar o seu ouro com uma pessoa, como vai compartilhar com toda a humanidade? Se você não suporta a luz da vela, como vai suportar a luz do sol? Se você não consegue ser verdadeiro com uma pessoa, como pode ser com todos?

É por isso que Deus nos fez assim. É por isso, que nós passamos por esses estágios de evolução da consciência. Assim como você aprende a se revelar para outro ser humano como você, é assim que aprende a se revelar para Deus. Quando você aprende a ser transparente, a ser íntegro e verdadeiro, e, vai se libertando das suas projeções, você vai também removendo as projeções de Deus. Você vai acabando com as fantasias sobre Deus. Você deixa de achar, que Deus é um velhinho de barba branca, sentado no céu, apenas olhando o tamanho dos pecados que você está cometendo. Você começa a ver Deus como amor.

Deus é a inteligência criadora, que age em tudo e em todos, que age através de você e que mora no seu coração. “Eu sou aquele que fala em todas as bocas. Eu sou a vida única, por trás de todos os corpos e nomes.”

Você está em busca dessa experiência, a experiência direta de Deus. É isso que traz alegria sem causa. Mas, respeite o estágio atual da sua iniciação. Se você está num relacionamento, aprenda a ver Deus no seu parceiro. Aprenda a revelar a sua divindade e, a receber a revelação do outro. Paralelamente a isso, dedique-se ao seu sadhana. Assim, vagarosamente, a sua consciência vai sendo iluminada e, a luz da compreensão vai iluminando a sua vida.

Tudo vai ficando simples. Você começa a se sentir calmo. Você sente o silêncio e, vai perdendo a motivação de forçar o outro a dar algo, que ele não tem para te dar. Você começa a respeitar o tempo do outro e, abre mão da necessidade de ser amado exclusivamente, porque você experimentou o amor. Se você tem para dar, você abre mão dessa necessidade de receber o tempo todo. Dessa forma, a sua mente vai se aquietando e se tornando equânime. Então, a vida começa realmente a se abrir.

Questão: Parece que, para seguir esse caminho espiritual, temos que nos esforçar para sair do mundo exterior e deixar os desejos. Mas, parece que somente o fato de estar aqui, já é um luxo. Então, como podemos ter o dinheiro, para ter o que precisamos e tudo mais e, fazer tudo isso? Parece que, somente quem tem dinheiro, pode deixar de ser influenciado pela matéria. Ao mesmo tempo, parece que o caminho espiritual toma todo o nosso tempo, então não temos como ter dinheiro. Então, qual é a solução? Devemos nos tornar todos sadhus? (risos)

Prem Baba: Essa é uma excelente questão. Eu em nenhum momento, disse que o dinheiro é uma coisa negativa. O que é negativo é a forma como você lida com ele. O que acontece, é que o ser humano de uma forma geral, não sabe quem é, e, está identificado com uma falsa ideia de quem é, e, precisa agregar valor para essa ideia. Então, ele precisa conquistar o mundo, para acreditar que é alguém.

Então, se eu tenho um carro bonito e estou dirigindo esse carro, você acredita que esse sou eu. Durante um período, o carro agrega valor para a ideia de quem você acha que é. Passam algumas semanas e, você começa a se sentir novamente separado, sozinho e infeliz. Então, você quer outra coisa. Você consegue uma namorada. Então, eu encontrei a minha alma gêmea. Você fica feliz e se sente preenchido. Você desfila com a sua mulher, pensando “esse aqui sou eu”. Passam algumas semanas, às vezes alguns dias, quando não algumas horas e, você novamente se sente sozinho e separado.

A mente humana está condicionada, a ter coisas pra agregar valor a sua ideia de “eu”. O que eu estou propondo, é que você se entregue para Deus e, permita-se ser guiado por Ele. Permita que Deus lhe dê o que você precisa. Permita que Deus use os seus talentos e dons, para realizar o jogo divino. Quando você estiver afinado com esse propósito; quando o seu propósito interno, o propósito da sua alma, estiver se manifestando no mundo externo, eu duvido que lhe falte alguma coisa. Não lhe falta nada. Deus dá tudo que você precisa. Tudo chega na hora certa. Mas, não é você que quer pegar, para poder agregar valor a sua ideia de “eu”. Você está simplesmente seguindo o fluxo.

Pode chegar um dia, em que a renúncia tome conta de você e, você larga a sua roupa e vira um sadhu pelado por aí, mas eu duvido que lhe falte alguma coisa, porque Deus providencia tudo o que você precisa. O que eu quero que você compreenda, é que é preciso tirar o ego da frente. Não é o ego que tem que estar no comando. É abrir mão da autoria. É renunciar o fruto das suas ações. É colocar cada molécula do seu corpo, de acordo com a vontade divina. É se deixar ser guiado pelo Espírito Santo.

Deus te leva para lá e para cá. Deus dá o que você precisa. Eu estou querendo, na verdade, te provar que no mundo de Deus não existe falta. A falta existe somente na mente humana. O medo da escassez existe na mente. No mundo de Deus não falta nada.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

ABRA OS OLHOS de Lisélia de Abreu Marques

A ilusão é a grande prisão. Somos ao mesmo tempo nosso carcereiro/carrasco e vítima. A percepção para as amarras que nós mesmos apertamos ao nosso redor é fundamental para nos permitir mudar. A tomada de consciência é o ponto de partida, a coragem de mudar é o combustível e a fé de que é possível fazer diferente, juntos, nos colocam de volta ao fluxo onde todas as possibilidades podem se tornar realidade. É possível, abra os olhos.

PONTO DE PARTIDA de Lisélia de Abreu Marques

Deixe que os seus sonhos te guiem de volta ao começo, de volta àquele tempo antes de você se tornar quem você pensa que é, àquele tempo em que você apenas era. E era feliz. Deixe que a saudade que você sente de si mesmo seja a porta de acesso ao ponto de encontro com quem você realmente é.

domingo, 4 de dezembro de 2011

VENHA NU AO NOSSO ENCONTRO de Lisélia de Abreu Marques

Quando você vier ao meu encontro, lembre-se de vir nu pra me impressionar. Venha vestindo apenas a sua alma alva, lavada e transparente para que eu possa ver seu coração batendo no peito.

Quando vier me encontrar, deixe o escudo e a espada lá fora, junto com sua carteira e todos aqueles papéis que você atua. O encontro não precisa deles e a paz também não. Venha nu pra eu ver sua cor, seu som, seu gosto. Deixe lá fora, também, os pensamentos de outras pessoas que você incorporou ao longo da vida e, às vezes, chega a acreditar que são seus. Venha com a mente vazia pra criar coisa nova, de preferência junto.

Não se esqueça, também, de despir-se das suas muitas máscaras, usadas de forma social e estratégica para cada ocasião; traga apenas o seu melhor sorriso, aquele que nasce sem ser chamado - moleque, espontâneo, alegre.

Tire os sapatos, os seus e os dos outros, que, muitas vezes, você veste contrariado e toque a terra com todos os seus sentidos virgens e inocentes.

Tire os óculos multicoloridos, aqueles com lentes que vão do escuro sombrio ao rosa alienado. Mostre seus olhos e deixe-me ver através deles, porque quero ir ao encontro de e não de encontro a, quero me unir, não me chocar, quero fundir e misturar nossas essências como tintas, criando uma paisagem nova, fresca, linda. Pois o amor requer fusão e para amar é preciso conhecer e para conhecer é preciso encontrar. E, as vezes, até mesmo um encontrão desajeitado faz abrir uma fenda por onde vaza nossa alma perdida e solta a procura de Amor. As almas estão sempre a procura do Amor, pois o Amor alimenta mais do que comida, o Amor acalenta mais do que colinho, o Amor cura mais do que remédio, porque o Amor cola nossos pedacinhos quebrados, arranhados, machucados e separados e nos faz inteiros outra vez. O Amor cura a nossa memória e nos faz lembrar quem somos, quem éramos e quem poderemos vir a ser, pois o Amor não se limita ao tempo ou ao espaço. Ele se espalha e contagia e cola tudo e todos, curando este mundo dentro e fora da gente. Portanto venha nu para se encontrar comigo, já que a gente nunca sabe quando o outro vai abrir uma porta de acesso para matarmos a saudade de nós mesmos.